É mais
uma que eu deixo ir. É como se houvesse uma estrada e eu insistisse em andar em círculos. Num looping infinito. Negando todos os caminhos que me aparecem. Todas
elas são tão mais promissoras que você.
Eu não
quero que isso seja uma carta. Então não será. De agora em diante eu não vou me
referir a você com o pronome “você”. Você será alguma outra garota. Mesmo que
quando - você - volte a conversar comigo, do nada, eu não consiga me manter com as
outras.
Não
desta vez.
Isto
não será uma carta.
Eu
estive procurando o som e a bebida ideal para escrever o que tem se passado
aqui, dentro de mim, só que está tão difícil, são tantas coisas, tantas perguntas
não formuladas, tantas respostas que não estou preparado para ouvir. Minha mente
se acalmou um pouco com Camelo. Engraçado pensar que o disco dele traz o “nós”
de cabeça para baixo, como se fosse um “sou” e que eu realmente quis conhece-la, me liguei ao som que ela ouve como se fosse um pedaço de mim, ainda
por ser descoberto. Juro que não era fã de The killers.
Eu
tenho me encarado, horas a fio, no espelho e não ando gostando nada do que
vejo. Estou em mudança, há meses, desde que ela me deixou, nesta peregrinação
em busca do que eu tinha descoberto ao lado dela.
Por
alguns instantes achei que estava conseguindo. Descobri que me dou muito bem
com ela bem longe ou muito perto. Esse meio termo está me matando. As dores,
de anos atrás, voltaram com tudo. Mal saio de casa. Mal saio de mim. Revivo
durante todo o dia, pelo menos quinze vezes, toda nossa história. De volta a
estrada, a primeira saída que pego me leva ao ponto de partida, em lugar algum, e a segunda também.
Eu que
sempre pensei não ter nascido para monogamia me vejo querendo apenas uma, de
novo. Me encontrei com a outra em frente a rodoviária, em um dos raros momentos que tenho saído de casa. Ela estava linda, como sempre, mesmo que eu não
tenha dito. Ela sabe, o mundo não a deixa esquecer. Ao me ver, depois de tentar disfarçar o espanto, disse: Caramba! Por alguns minutos te confundi com estes
pedintes.
É, acho
que a aparência de um viciado em crack cai bem em mim.
Continuo
procurando o som, a bebida e mais tarde alguém ao meu lado na cama. Já vai para
um ano. No final das contas eu sou, mesmo, esse cara sentimental.