Sem mas.

Sem mas.

26 de janeiro de 2014

Maneiras de seguir em frente.

                Nós somos assombrados pelas decisões que tomamos. Isso é fato consumado. Mesmo que seja de forma inconsciente, ou talvez nem tanto. É que, eventualmente, em uma madrugada de sábado, depois de momentos marcantes e conversas profundas, elas voltam.
                Nos pegam pelo calcanhar enquanto nos ajeitamos na cama e aí fodeu. Viramos a noite enrolado nos lençóis indagando todos os se’s e suas consequências.
                Pois bem. Sei que tenho pensado bastante no próximo, em alguns assuntos, porém, não ando fazendo tanta questão assim. Ela, por exemplo, já abri mão e coloquei o que sentia em segundo plano tantas vezes, para que ela tivesse experiências com outras pessoas. É só que quanto mais velho fico, menos chances tenho. Da ultima para essa, foram três anos. Mil e noventa e cinco dias, dezessete horas e quarenta minutos de tortura.
                Olha, não me orgulho do que digo, é como se tudo que tenho lido sobre as doutrinas espirituais fosse jogado pelo ralo. E que se dane o outro, entende? Não vejo êxtase no sofrimento. Nunca consegui comprar a máxima: O que não nos mata, fortalece.
                O que não nos mata, nos deixa putos.
                Os dias tem andado cada vez mais ensolarados, a minha casa cada hora mais aconchegante e a minha mente em total harmonia com as minhas vontades. Ela ainda continua sendo meu caos e eu vejo poesia nisso.
                Sei que já disse, no passado, não ser fã de poesia e poetas. Pois então, conheci algumas coisas do Bukowski, achei um livro do Neruda na promoção e juro que encontrei mais uns dois poemas que me agradaram na obra do Drummond.
                O maior conflito que acontecia em mim, é porque a tratava como incerteza. Tenho visto, ultimamente, que talvez ela seja minha única certeza e já passou da hora de ser tratada como tal. 

18 de janeiro de 2014

Simples

                As vezes queremos encontrar uma dessas pessoas de cinema, como um amor marcante. Porém, sequer prestamos atenção nos pequenos detalhes. Os filmes nos acostumaram mal. Eles não mostram a história completa. 
                Quando você finalmente percebe aquele olhar assustado, num domingo nublado, te observando com uma especie de desprezo pela arrogância que seus atos emanam, por mais que fosse apenas um dia comum de ressaca - Já experimentou ter compromissos e uma ressaca de vodca? Não qualquer vodca, tem que ser uma dessas de garrafa de plástico e nome de mulher russa. Tipo Natasha ou Dominika. Vai por mim, o dia não se torna comum - na primeira oportunidade, e na décima quinta também, você vai abaixar a cabeça e tentar tirar um cochilo, ou se matar.
                Mas ela te olhou, você percebeu isso.
                Claro que ela é linda, se você a achou bonitinha enquanto estava de ressaca é porque essa mulher é maravilhosa. Ela tem um adicional, tipo jalapeño no whopper furioso. É alguma coisa que vai te fazer pensar nela por meses. Chefia, essa mulher já te colocou de quatro e você não percebeu.
                Taí seu amor de cinema.
                Ache alguém assim, que te prendeu em detalhes tão sutis que te fizeram esquecer aquele namoro ferrado que vinha se arrastando, porque olha, quando se reencontrarem as coisas serão estranhas. Você acha que a conhece há anos, mesmo sem saber a ordem certa do sobrenome dela. Ela, toda contida, mal vai te encostar, mas tudo bem.
                Nessa hora, os carinhos de outra não servem.
                Alguns dias depois, talvez te faça um cafuné. Aí você vai ter certeza sobre os carinhos das outras. 
                Ela vai subir em árvores, andar descalça na casa dos amigos e se for vegetariana, comerá bolacha de água e sal com as coisas mais bizarras que existirem na geladeira. Nessas horas é melhor você ficar calado. Vai por mim, quando aconteceu comigo eu disse tanta besteira que a afastei por duas semanas.
                O foda de encontros magnéticos é que não dá para se manter longe por tanto tempo. Parece que o mundo sai do eixo.
                Pode ser que demore para que fiquem juntos a primeira vez, tudo bem por mim, a espera me fez dar valor nos momentos que viriam. Apesar dela ter esse dom, incrível, de transformar tudo em lembrança. Acho que é porque ela sempre me deixa, mesmo que acabe voltando depois.
                Sabe, é quando acontece o primeiro beijo que você percebe porque sempre deu errado com as outras. É nessa hora que você a vê deitada, se perguntando se fez a coisa certa, com todas as minhocas em sua cabeça gritando frases opostas, o corpo tremendo e te puxando para mais beijos, mais calor. É nesse momento que você tem aquilo dos livros que queria a vida toda, até porque, em determinado momento, todos percebemos que o cinema falha em contar histórias.
                Ache alguém assim, que não se importe de passar horas deitada no capô do carro com você, olhando estrelas em algum lugar muito afastado da cidade. Alguém como ela, que tope coisas diferentes, só porque nenhum dos dois fizeram ainda, que tire sarro da sua cara e te mande comprar camisinha às três da manhã.
                Encontre essa pessoa que vai te fazer derreter durante uma rapidinha na parte da tarde, quando acabar vai te dar um selinho e cochilar nos seus braços. Porque nesse momento, colega, você vai ter milhões de coisas para fazer, mas vai deixar todas elas de lado para acarinhar essa mulher. É a sensação de ter um mundo em suas mãos. 
                Por mais que ela te deixe dezenas de vezes depois e arrume pessoas alheias para ocupar o lugar que é seu, e, eventualmente os abandone para passar uma semana, que seja, ao seu lado. Encontre alguém que te ganhe pelos detalhes e a atenção, mesmo que ela não te beije em público com uma frequência absurda, você não vai querer dividi-la e vai chegar o momento em que a presunção te fará achar que ninguém mais vai conseguir fazê-la sentir o que você sabe que é capaz de fazer.  Descubra essa pessoa que vai te dar coragem para ser e fazer qualquer coisa por ela e aí vai ter uma história melhor que a de qualquer filme. 
                Você vai ter uma história digna dos melhores livros, vivida somente por duas pessoas, até então.