Levantei,
estiquei as costas. Não quis abrir a porta da varanda. Tive medo do que ia
encontrar. Não estava pronto para ver um sol radiante, um céu azul, nuvens
brancas. Não hoje. Não este mês.
Cocei
as costas. Passei a mão na nuca, senti meus pelos do braço arrepiar. Encaro o
calendário.
Falta
muito.
Nunca
desejei tanto o fim.
Juro
que já me assustei com o fim do mês, da semana, de namoros, amizades, da vida.
Assim como já tive medo do escuro e de vacas, andar a cavalo e sair à noite. Não
sei se isso é crescer. Não quero pensar e pesar decisões. Não hoje.
Hoje eu
quero um café, forte, quente, sem açúcar. Puro, como um dia as coisas foram. Quero
ficar na sombra, beber cervejas geladas, deitar na rede e encarar um céu cinza,
opaco. Espero pelo dia que eu possa simplesmente me abster do mundo, de
pessoas, sons, cheiros.
Um
tempo que ficarei completamente só.
Mesmo
que por um dia.