Sem mas.

Sem mas.

7 de julho de 2014

Desmoronar

            Por entre destroços, sejam do meu coração ou da construção.
            Por entre quedas, hora da Bovespa hora do meu humor.
            Por entre cidades não tão maravilhosas e ônibus apertados.
            Por entre shows legais e pessoas distantes.
            Por entre cinegrafistas baleados e alunos reprimidos.
            Eu continuo vivo.
           
            Ouvi aquela velha canção que dizia: “Apenas o amor pode quebrar seu coração”
            Estou envelhecendo.
            Tive amigos que não mais vi.
            E amores que não vivi.
            Por vezes enxerguei o mundo desabando, como aquele viaduto.
            Quantos dias se passaram sem que eu sentisse minha espinha sendo estraçalhada por opiniões que não pedi?
            E por quantos dias mais terei que sentir a mesma coisa?
            Por vezes me defendi para que não quebrassem meu espírito.
            A alma pede clemência.  
            Mesmo assim, continuo vivo.
            Pensei ter o coração de ouro, mas por entre todas as mudanças e as minhas entranhas não vejo nada além de um pouco de alumínio.
            Sinto meu sangue se engrossar aos poucos, como se estivesse se transformando em veneno.
            Inunda meus olhos, meu peito, minha vida.
            Não sou mais tão jovem.
            Tenho parentes que nunca mais vi e alguns que nunca mais quero ver.
            Por inocência, ou escolha, sigo vivo e acreditando que apenas o amor pode quebrar meu coração.
            Exatamente como dizem naquele velho folk.  


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